quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Alterações Cromossomiais: principais anomalias


Segue algumas das anomalias mais conhecidas e comentadas na literatura específica, causadas por alterações cromossomias (as causas das alterações estão em um outro post):


SÍNDROME DE TURNER

A síndrome de Turner é uma má formação cromossômica que afeta exclusivamente as mulheres. As pessoas com este problema manifestam uma alteração genética em que está implicada na perda de um cromossoma X ou Y que ocorre durante a divisão celular. A maioria das crianças é 45,X.
Figura 1: Cariótipo da Síndrome de Turner
Características:
A baixa estatura, imaturidade do desenvolvimento sexual e um pescoço curto em crianças do sexo feminino são as alterações mais características da Síndrome de Turner, assim como as anomalias cardiovasculares. A esperança média de vida e a capacidade intelectual é considerada normal.
           A infertilidade afeta quase 95% das mulheres com o cariótipo 45,X. O risco de recorrência da Síndrome de Turner não aumenta em futuros filhos de um casal que já tenha uma filha com este problema. No entanto, nas mulheres férteis com a doença em questão existe um risco de anomalias cromossômicas em futuros filhos e, como tal, deve ser proposto o diagnóstico pré-natal.
Diagnóstico
O diagnóstico desta patologia faz-se através do estudo cromossômico, sendo 1/3 destas doenças é diagnosticadas à nascença, 1/3 na infância e as restantes na adolescência.
Evolução:
A baixa estatura torna-se mais notória na puberdade, altura em que ocorre uma desaceleração do crescimento.
Os problemas associados à Síndrome de Turner podem ocorrer nos sistemas ocular, auditivo, cardiovascular, linfático e imunológico.
Apesar de uma inteligência normal ou até acima do normal, estas crianças podem apresentar dificuldades na aprendizagem, particularmente no cálculo matemático, visualização espacial e na coordenação motora.
Tratamento:
Sendo uma doença cromossômica, a Síndrome de Turner não tem cura, mas muitos dos sintomas, como a estatura e a infertilidade, podem ser minimizados com um tratamento hormonal.

SÍNDROME DE KLINEFELTER

           Definição:

Figura 2: Cariótipo de Síndrome de Klinefelter
Uma anormalidade cromossômica que afeta somente os homens e causa hipogonadismo (defeito no sistema reprodutor que resulta na diminuição da função das gônadas).

          Causas, incidência e fatores de risco:

A causa da síndrome de Klinefelter é a existência de um cromossomo X adicional que afeta somente os homens. O recém-nascido parece normal, mas o defeito geralmente se torna aparente na puberdade quando características sexuais secundárias deixam de se desenvolver e alterações testiculares ocorrem causando eventualmente infertilidade na maioria dos homens afetados. Alguns casos leves passam despercebidos sem anormalidades presentes exceto a infertilidade. Um fator de risco pode ser idade avançada da mãe. 

          Sintomas:

  • Pênis pequeno
  • testículos pequenos e firmes
  • pelos púbico, axilares e faciais diminuídos
  • disfunção sexual
  • tecido mamário aumentado (ginecomastia)
  • estatura alta
  • proporções corporais anormais (pernas longas, tronco curto)
  • deficiências de aprendizado
  • personalidade debilitada
  • prega simiesca (uma única prega na palma da mão)
Obs.: a gravidade dos sintomas pode variar.

 

          Sinais e exames:

  • Exame físico (exame retal) pode mostrar próstata aumentada.
          Os exames podem incluir:
  • cariótipo que mostra 47 XXY
  • exame de sêmen que mostra baixa contagem de esperma
  • nível de testosterona sérica reduzido
  • aumento do hormônio luteinizante sérico
  • aumento do hormônio foliculoestimulante sérico

          Tratamento:

Não existe tratamento contra a infertilidade associada com esta síndrome. A terapia com testosterona melhora o desenvolvimento das características sexuais secundárias. As alterações testiculares que levam à infertilidade não podem ser prevenidas.
A ginecomastia (tecidos mamários aumentados) pode ser tratada com cirurgia plástica se for deformadora.
O aconselhamento pode ser benéfico para pessoas com desajustes emocionais devido a disfunção sexual e para reforçar a identidade masculina. 

          Expectativas (prognóstico):

A infertilidade não pode ser tratada. Com a terapia com testosterona, uma aparência mais normal é a regra geral.

          

          Complicações:

A síndrome está associada com um maior risco de câncer de mama, doença pulmonar, veias varicosas (veias aumentadas e retorcidas, com o não-funcionamento das válvulas) e osteoporose.


SÍNDROME DE DOWN

        Definição: 

Anormalidade cromossômica que resulta em deficiência mental e outras alterações.

       Causas, incidência e fatores de risco: 

Figura 3: Cariótipo da Síndrome de Down (cariótipo mulher 47, XX + 21)
Na maioria dos casos, a síndrome de Down é provocada por um cromossomo 21 a mais. As crianças com essa síndrome apresentam características físicas facilmente reconhecíveis. A cabeça pode ser menor do que o normal (microcefalia) e apresentar um formato anormal. As características faciais marcantes são nariz achatado, protrusão da língua e olhos puxados para cima (olho puxado anti-mongólico). O canto interno do olho pode apresentar uma prega cutânea arredondada (pregas epicânticas) em vez de ter uma forma definida. As mãos são pequenas e amplas, com dedos curtos, e normalmente têm apenas uma dobra palmar (prega simiesca). O crescimento e desenvolvimento retardados são típicos. A maioria das crianças afetadas não atinge a média de tamanho de um adulto. A idade mental média obtida é a de uma criança de 8 anos de idade.
    Normalmente, essas crianças apresentam defeitos cardíacos congênitos. O resultado dessas anormalidades cardíacas costuma ser a mortalidade precoce. Também são relativamente comuns anormalidades gastrointestinais, como a atrésia esofágica (obstrução do esôfago) e a atrésia duodenal (obstrução do duodeno). Pode ser necessária a realização de uma cirurgia grande, logo após o parto, em virtude da obstrução do trato gastrointestinal. Crianças com síndrome de Down também apresentam incidência acima média de leucemia linfocítica aguda (LLA).

        Tratamento:
    Não existe tratamento específico para a síndrome de Down. Na maioria das comunidades, oferece-se educação e treinamento especial para crianças excepcionais. Cardiopatias específicas podem precisar de correção cirúrgica. O potencial para o desenvolvimento de problemas visuais, perda auditiva e maior susceptibilidade a infecções exige triagem e tratamento em intervalos adequados.
       
        Expectativas (prognóstico):
    A expectativa normal de vida de uma pessoa com síndrome de Down pode diminuir em virtude de doença cardíaca congênita e pelo aumento da incidência de leucemia aguda. A idade mental média que a pessoa atinge é a de uma criança de 8 anos de idade.
   
        Complicações:
·    problemas de visão
·    perda auditiva
·    aumento da incidência de leucemia aguda
·    infecções de ouvido freqüentes
·    aumento da susceptibilidade a infecções
·    obstrução gastrointestinal (ânus imperfurado e problemas similares)
·    anormalidades cardíacas
·    atrésia esofágica
·    atrésia duodenal
·    outras anormalidades gastrointestinais
       
     
        Prevenção (cuidados):

    A síndrome de Down pode ser detectada nos fetos já nos primeiros meses de gestação, pelo exame de cromossomos colhidos pela amniocentese (método de diagnóstico pré-natal que aspira pequena quantidade de fluido amniótico). O exame tem uma pequena margem de risco para o bebê, pois existe uma possibilidade de aborto espontâneo (cerca de 1% de risco), por isso o exame deve ser . Por isso, devem fazer a amniocentese. Mulheres que engravidam após os 40 anos também têm mais risco de ter filhos com síndrome de Down.
   
    

Figura 4: Cariótipo de Homem Duplo Y
SÍNDROME DO DUPLO Y/ HOMEM DUPLO Y

    Indivíduos com cariótipo 47,XYY ocorrem com a freqüência de 1 caso por 1.000 nascimentos masculinos. Embora sejam, na maioria, homens normais, os primeiros estudos sugeriam que entre eles ocorria uma freqüência extremamente alta de pacientes retardados mentalmente e com antecedentes criminais; tais estudos revelaram que cerca de 2% dos pacientes Internados em instituições penais e hospícios tinha este cariótipo, o que mostrava serem os indivíduos XYY internados 20 vezes mais numerosos (em lugar de 1 por mil, 2% corresponde a 20 por mil) do que na população livre.
    No entanto, os mesmos dados revelaram que 96% dos indivíduos XYY são normais. Deste modo, tornam-se necessárias pesquisas mais amplas antes de se relacionar essa constituição cromossômica particular com determinados traços anormais de comportamento; é especialmente importante evitar uma interpretação Ingênua relacionada com um “cromossomo do crime”.
    Uma característica física bem evidente dos XYY é a estatura elevada, pois eles geralmente têm mais de 180 cm, ou seja. são 15cm mais altos do que a média dos indivíduos masculinos cromossomicamente normais.
    Podemos sugerir que genes localizados no cromossomo Y elevam a estatura e predispõem seus portadores para comportamentos inesperados; de fato, o perfil psicológico do indivíduo XYY inclui imaturidade no desenvolvimento emocional e menor inteligência verbal, fatos que podem dificultar seu relacionamento interpessoal. Um fato digno de nota é que os pacientes institucionalizados, tanto XY como XYY, exibem uma taxa de testosterona aumentada, o que pode ser um fator contribuinte para a inclinação anti-social e aumento de agressividade.


     

Figura 5: Cariótipo Mulher Poli-X
SÍNDROME DO POLI-X
    A Síndrome do Triplo-X é uma aberração cromossômica numérica que atinge 1 em cerca de 800 a 1000 mulheres. As mulheres portadoras dessa síndrome apresentam um cromossomo X a mais, totalizando um cariótipo com 47 cromossomos: 47, XXX. Quase todos os erros relacionados à essa síndrome ocorrem durante a ovulogênese, pela não disjunção dos cromossomos.
    Algumas mulheres podem apresentar até 4 ou 5 cromossomos X extras. Quanto mais cromossomos X, maior o índice de retardo mental nessas mulheres (isso ocorre pois alguns genes relacionados a problemas mentais está ligada ao X). Existem mulheres portadoras dessas aberrações cromossômicas, mas desconhecem a doença por não apresentarem os sintomas.
   
Os sintomas dessa síndrome envolvem:
- Menor grau de inteligência
- Pessoa com características sexuais e comportamentais femininas
- Mulheres tendem a ser altas
- Múltiplas peles frouxas no pescoço
- São férteis
- Podem entrar na menopausa precocemente
- Retardamento mental (o grau de retardamento varia entre as portadoras)

Algumas portadoras são férteis, mas em alguns casos a doença pode causar esterilidade. Mulheres portadoras podem dar origem a crianças perfeitamente normais. As crianças que nascem com essa síndrome não apresentam claramente os sintomas logo após o nascimento, mas podem apresentar baixo peso.

A doença pode ser diagnosticada por estudos do cariótipo, onde é claramente visível a presença de três cromossomos sexuais X (por meio da cromatina sexual ou Corpusculo de Barr).

Texto escrito e pesquisa por Dâmaris Rocha.



Referências de imagens
  1. Figura 1: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/sindrome-de-turner/imagens/sindrome-de-turner-10.jpg
  2. Figura 2: http://www.brasilescola.com/upload/e/sindrome-klinefelter1.jpg
  3. Figura 3: http://www.centrus.com.br/info_gerais/sd_down/imagens/cariotipo-21.jpg
  4. Figura 4: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZetGj4ph5fNvu0ENCJKcEwOi2AbeemctDXONPWpak38Z5c5twrDNj3j-rLyfkCYQZylD7UADJnYt73Ogbmha8UWKK9Upkp61FGHYRKHcuHXEIqV5ifNTUntaUM-TvYjBjqtHZRGW0RqI/s1600/XYY_diagram.gif
  5. Figura 5: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJ5_hGAZGp87InuwtgCDR1hdOviUkcfyypS5UdZ-hPkOTAZ85moSZnAHErXRWxcx01vWbNn-6nrrvmzyc1LtgmCgdR3-iYxNrmga77PLCtz-gHQizRgUEMdUcPIjmoUFxQJU78HgTYOJks/s320/xxx.JPG

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Alterações Cromossomiais: algumas considerações


     Alterações nos cromossomos das células são resultados de erros durante a divisão celular. Essas alterações podem ser numéricas (afetarão o número de cromossomos) ou estruturais (afetarão a sequência de genes em um cromossomo).

  • Alterações Numéricas
Podem ser de dois tipos:
  1. Euploidia: ocorre quando há redução ou aumento em toda a coleção de cromossomos, formando células haplóides (n), triplóides (3n), tetraplóides (4n) ou poliplóides (a partir de 5n);
  2. Aneuploidia: apenas o número de certo tipo de cromossomo sofre alteração para mais ou para menos, podendo haver nulissomia, monossomia e trissomia.
Essa alterações surgem quando há alguma interferência na formação do fuso acromático durante a divisão celular (durante a metáfase), neste caso os cromossomos se duplicam sem que haja alinhamento no equador da célula (figura1), assim a migração para os pólos da célula se dá de forma desordenada, formando uma célula-filha com o dobro do número de cromossomos (euploidia).

Figura 1:


Ou pode ser que a ruptura ocorra apenas em determinadas fibras do fuso ou em detreminado centrômero, o que provoca a não-disjunção de certos cromossomos (aneuploidia). Essa situação pode ocorrer na meiose (1ª ou 2ª divisão) ou na mitose. No caso de ocorrer na meiose, o resultado será a formação de gametas defeituosos, com falta ou excesso de cromossomos, dos quais poderão formar zigotos com número anormal de cromossomos em todas as células que constituirão o organismo, em geral o individuo desenvolverá algum tipo de síndrome, dependendo dos cromossomos que estão anormais. Se a alteração ocorrer na meiose 1 todos os gametas formados apresentarão alteração cromossomica, se ocorrer na meiose 2, 50% dos gametas serão normais e 50% apresentarão alterações cromossomiais, como é possivel verificar na figura abaixo.

Figura 2:



Se, por outro lado, a não-disjunção ocorrer na mitose, o indivíduo apresentará algumas células com padrões diferentes (Mosaicismo), mas em geral os efeitos sobre o organismo costumam ser pequenos. Neste caso o erro de divisão ocorre depois que o zigoto já está formado.

Figura 3:



Um exemplo bem conhecido e estudado de alteração numérica do tipo aneuploidia é a trissomia do cromossomo 21, também conhecida como Síndrome de Down (neste caso a alteração ocorre em um autossomo).
As alterações numéricas podem também ocorrer em cromossomos sexuais, levando à síndromes como as de: Turner, Klinefelter, Poli-X, e Duplo Y.

  • Alterações Estruturais:
Trata-se de modificações na sequência dos genes ao longo do filamento cromossômico. As consequências para o organismo variarão de acordo com o tipo de alteração, que podem ser:
  1. Inversões : determinado trecho do cromossomo sofre uma ruptura e é ressoldado no próprio cromossomo, porém em posição invertida;
  2. Deleção e Duplicação: o trecho do cromossomo que sofre ruptura é ressoldado em outro cromossomo homólogo, assim o cromossomo original apresentará a deleção e o que recebeu o novo pedaço apresentará uma duplicação naquela sequência específica de seus genes. (Exemplo de deleção: Síndrome do miado do gato, causada por uma deleção no cromossomo 5);
  3. Translocação: um pedaço do cromossomo sofre ruptura e a ressoldagem ocorre em um cromossomo não-homólogo.

Referências Bibliográficas:
  1. Livro didático de biologia: LINHARES, S; GEWANDSZNAJADER, F. Biologia – volume único. 1.ed. São Paulo: Ática, 2007. pgs414 a 419.