Bom, recentemente li um artigo muito do interessante falando sobre a interação entre o nosso conhecidíssimo Aedes aegypti com uma bactéria chamada Wolbachia. Resolvi deixar o resumo deste artigo aqui para vocês conferirem. ATENÇÃO! antes de ler o texto vejam o vídeo a seguir que dará uma visão clara do assunto.
Artigo Original --> Limited Dengue Virus Replication in Field-Collected Aedes aegypti Mosquitoes Infected with Wolbachia
Frentiu FD, Zakir T, Walker T, Popovici J, Pyke AT, et al. (2014) Limited Dengue Virus Replication in Field-Collected Aedes aegypti Mosquitoes Infected withWolbachia. PLoS Negl Trop Dis 8(2): e2688. doi:10.1371/journal.pntd.0002688
Introdução
O agente viral
causador da dengue é o DENV, transmitido primariamente pelo mosquito vetor, o Aedes aegypti. Na falta de uma vacina ou
antiviral efetiva na prevenção da dengue, uma alternativa é o controle do
mosquito vetor feito por meio do uso de inseticidas, método que leva à seleção
de populações resistentes do mosquito. Deste forma, o controle biológico do vetor
é o ponto de partida para estudos com mosquitos transfectados com a bactéria Wolbachia. Esta
bactéria está presente naturalmente no ambiente estabelecendo relações
endosimbióticas com certa de 40% dos artrópodes.
A trasnfecção de Aedes aegypti com diferentes cepas de Wolbachia mostram
replicação e transmissão reduzida de DENV, criando um perfil/fenótipo de
bloqueio viral.
Desta forma, o estudo investiga a extenção do
bloqueio viral em campo usando Aedes aegypti infectada com Wolbachia (modelo
chamada do wMel), um ano após a
população transfectada ter sido liberada em campo.
Resultados
CAPACIDADE
LIMITADA DE INFECÇÃO E REPLICAÇÃO DE DENV EM MOSQUITOS INFECTADOS COM wMel
Foram comparados
mosquitos wildtype e wMel-infected (wMel.F) em relação à capacidade de serem
infectados pelo vírus DENV, e da capacidade de o mesmo se replicar no mosquito.
Para isso foi feito pcr em tempo real da cabeça e do corpo dos mosquitos para a
detecção de RNA das cepas de DENV. Cópias do genoma de DENV na cabeça e corpo
dos mosquitos wildtype foi maior
comparados com os wMel.F em 14 d.p.i
(figura1)
Num próximo
experimento, o objetivo foi verificar se a primeira linhagem de mosquitos
transfectados com Wolbachia (MGYP2.out)
e que ainda eram mantidos em laboratório mantinham o perfil ou não de bloqueio
viral observado nos mosquitos wMel.F
coletados em campo. Não encontraram diferença significativa entre as duas
linhagens de mosquitos, novamente a linhagem wildtype apresentou maior detecção de genoma viral (figura2)
TROPISMO TECIDUAL
E DENSIDADE DE WOLBACHIA NOS
MOSQUITOS DE CAMPO
Foi investigada a
distribuição da bactéria entre os órgão do mosquito wMel.F em relação aos mosquitos mantidos em laboratório (MGYP2).
Nas duas linhagens a bactéria se mostrou presente em órgãos críticos para a
infecção e disseminação viral, a saber o intestino médio e glândulas salivares.
Além disso, constatou-se alta desnsidade bacteriana nos ovários, indicando o
potencial de transmissão da bactéria para a prole do mosquito (figura 3, no
artigo).
Foi também
examinado se a densidade de Wolbachia é
aumentada ou não após o mosquito de alimentar de sangue. Foi comparado as
linhagens de mosquito wMel.F e
MGYO2.out alimentados com sangue e não alimentados com sangue. Observou-se que
há aumento da densidade da bactéria em ambas linhagens de mosquitos, sendo
localizados aumento de densidade principalmente nos corpos em vez de nas
cabeças, provavelmente devido ao fato de a bactéria se replicar nos ovários
(figs4e5)
Conclusão
A população
de mosquitos A. aegypti transfectados com wolbachia (wMel) após um ano
da soltura em campo, permanecem estavelmente infectados com a bacteria e vetor
não competente na transmissão do DENV.