terça-feira, 13 de maio de 2014

Aedes aegypti e Wolbachia

Bom, recentemente li um artigo muito do interessante falando sobre a interação entre o nosso conhecidíssimo Aedes aegypti com uma bactéria chamada Wolbachia. Resolvi deixar o resumo deste artigo aqui para vocês conferirem. ATENÇÃO! antes de ler o texto vejam o vídeo a seguir que dará uma visão clara do assunto.





Frentiu FD, Zakir T, Walker T, Popovici J, Pyke AT, et al. (2014) Limited Dengue Virus Replication in Field-Collected Aedes aegypti Mosquitoes Infected withWolbachia. PLoS Negl Trop Dis 8(2): e2688. doi:10.1371/journal.pntd.0002688







Introdução
O agente viral causador da dengue é o DENV, transmitido primariamente pelo mosquito vetor, o Aedes aegypti. Na falta de uma vacina ou antiviral efetiva na prevenção da dengue, uma alternativa é o controle do mosquito vetor feito por meio do uso de inseticidas, método que leva à seleção de populações resistentes do mosquito. Deste forma, o controle biológico do vetor é o ponto de partida para estudos com mosquitos transfectados com a bactéria Wolbachia. Esta bactéria está presente naturalmente no ambiente estabelecendo relações endosimbióticas com certa de 40% dos artrópodes.
A trasnfecção de Aedes aegypti com diferentes cepas de Wolbachia mostram replicação e transmissão reduzida de DENV, criando um perfil/fenótipo de bloqueio viral.
Desta forma, o estudo investiga a extenção do bloqueio viral em campo usando Aedes aegypti infectada com Wolbachia (modelo chamada do wMel), um ano após a população transfectada ter sido liberada em campo.



Resultados

CAPACIDADE LIMITADA DE INFECÇÃO E REPLICAÇÃO DE DENV EM MOSQUITOS INFECTADOS COM wMel
Foram comparados mosquitos wildtype e wMel-infected (wMel.F) em relação à capacidade de serem infectados pelo vírus DENV, e da capacidade de o mesmo se replicar no mosquito. Para isso foi feito pcr em tempo real da cabeça e do corpo dos mosquitos para a detecção de RNA das cepas de DENV. Cópias do genoma de DENV na cabeça e corpo dos mosquitos wildtype foi maior comparados com os wMel.F em 14 d.p.i (figura1)

Num próximo experimento, o objetivo foi verificar se a primeira linhagem de mosquitos transfectados com Wolbachia (MGYP2.out) e que ainda eram mantidos em laboratório mantinham o perfil ou não de bloqueio viral observado nos mosquitos wMel.F coletados em campo. Não encontraram diferença significativa entre as duas linhagens de mosquitos, novamente a linhagem wildtype apresentou maior detecção de genoma viral (figura2)

TROPISMO TECIDUAL E DENSIDADE DE WOLBACHIA NOS MOSQUITOS DE CAMPO
Foi investigada a distribuição da bactéria entre os órgão do mosquito wMel.F em relação aos mosquitos mantidos em laboratório (MGYP2). Nas duas linhagens a bactéria se mostrou presente em órgãos críticos para a infecção e disseminação viral, a saber o intestino médio e glândulas salivares. Além disso, constatou-se alta desnsidade bacteriana nos ovários, indicando o potencial de transmissão da bactéria para a prole do mosquito (figura 3, no artigo).

Foi também examinado se a densidade de Wolbachia é aumentada ou não após o mosquito de alimentar de sangue. Foi comparado as linhagens de mosquito wMel.F e MGYO2.out alimentados com sangue e não alimentados com sangue. Observou-se que há aumento da densidade da bactéria em ambas linhagens de mosquitos, sendo localizados aumento de densidade principalmente nos corpos em vez de nas cabeças, provavelmente devido ao fato de a bactéria se replicar nos ovários (figs4e5)

Conclusão
A população de mosquitos A. aegypti transfectados com wolbachia (wMel) após um ano da soltura em campo, permanecem estavelmente infectados com a bacteria e vetor não competente na transmissão do DENV.