quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Projeto utiliza coco e bagaço de cana na remoção de poluentes de água | Portal EcoDebate

Projeto utiliza coco e bagaço de cana na remoção de poluentes de água | Portal EcoDebate

Uma pesquisa, sobre a viabilidade de utilização do coco e do bagaço de cana na remoção de diversos poluentes da água, está sendo desenvolvida no Espírito Santo com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (Fapes). O projeto, coordenado pelo professor Joselito Nardy Ribeiro, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), tem por objetivo utilizar material residual de baixo custo na remoção de fármacos, pesticidas, corantes e metais das águas usadas no abastecimento.
A equipe optou por estudar o mesocarpo do coco e bagaço de cana pelo fato de serem abundantes no Espírito Santo e apresentarem baixo custo. Além disso, segundo o coordenador da pesquisa, o projeto visa a criar mais uma alternativa para o uso destes resíduos agrícolas, impedindo o acúmulo deles no meio ambiente.
A equipe recolheu cocos nas praias e, em laboratório, os trataram, eliminando possíveis contaminantes. Em seguida, o coco foi triturado em liquidificador industrial e acoplado a estações de tratamento de água, de forma que ficasse responsável pela filtragem.
O professor Joselito fala sobre o resultado alcançado. “A água contaminada, passada através deste filtro para remoção dos poluentes, foi analisada e os resultados indicam que o mesocarpo do coco e o bagaço da cana são capazes de remover quantidades significativas de alguns poluentes”.
Ele relata que já foram apresentados trabalhos em congressos sobre a utilização do mesocarpo do coco, como filtro, e destaca o apoio da Fapes na realização do projeto.
“Este apoio veio na forma de financiamento de projetos e fornecimento de bolsas de Iniciação Científica, Iniciação Cientifica Júnior e Mestrado. O nosso Laboratório de Química e Bioquímica Ambiental (Ufes/Ifes) foi equipado com os recursos de projetos submetidos à Fapes. Com isso foi possível adquirir equipamentos, reagentes, microcomputadores e vidrarias de laboratório. O apoio da Fapes foi fundamental para execução deste e de outros projetos na área ambiental”.
A equipe continuará utilizando esta técnica em testes com outros poluentes, trabalhando para que futuramente os resíduos do coco e da cana sejam transformados em componentes de filtros de estação de tratamento. O coordenador explica que a técnica é muito viável, pois o carvão ativado é o material utilizado nas estações, uma substância de custo elevado e que não remove todos os tipos de poluente.
Fonte: Fapes
EcoDebate, 29/09/2011
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segunda-feira, 4 de julho de 2011

Relatório - Risco da Mudanças Climáticas

Há alguns meses li o relatório sobre mudanças climáticas divulgado em maio de 2011. Trata-se de um projeto colaborativo realizado pelo Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Brasil e o Met Office Hadley Centre (MOHC) do Reino Unido.
É um documento de umas 50 páginas, muito interessante e vale a pena ler na integra. O link para fazer o download é o seguinte http://www.ccst.inpe.br/relatorio_port.pdf
O que postarei aqui é um super resumo do documento.

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RELATÓRIO: RISCO DA MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO BRASIL
- MAIO 2011-

A temperatura média global subiu aproximadamente 0,7°C no século passado e esse aquecimento deve continuar em decorrencia das contínuas emissões de gases do efeito estufa (GEE).
Os modelos climáticos projetados pelo MOHC-INPE são para grandes aumentos de temperatura do ar e reduções percentuais da precipitação pluviométrica na Amazônia, com mudanças mais acentuadas depois de 2040. Isso certamente traria impactos econômicos visto que 70% da energia brasileira vem de usinas hidrelétricas.

O desmatamento na Amazônia também é preocupante. Ao alterar o ciclo hidrológico regional, o desmatamento em grande escala pode produzir um clima mais quente e seco. Quando o desmatamento atinge mais de 40% da extensão original da floresta Amazônica, a preciptação pluviométrica diminui de forma significativa no leste da Amazônia. O desmatamento poderia provocar um aquecimento de mais de 4ºC no leste da Amazônia e as chuvas de julho a  novembro diminuiriam em até 40% Somando-se isso a qualquer mudança decorrente do aquecimento global.

Alguns estudos mostram que as mudanças climáticas podem resultar em die-back (colapso) da floresta Amazônica, rica fonte de biodiversidade, oxigênio e agua doce. Porém um perigo que se concidera mais imediato em prejuízo da floresta é o desmatamento.

A floresta Amazônica desempenha um papel crucial no clima da América do Sul por seu efeito no ciclo hidrológico-regional. A floresta interage coma atmosférta para regular a umidade no interior da bacia. A umidade é transportada para a aregião amazônica pelos ventos alísios provenientes do atlântico tropical. Estima-se que entre 30% e 50% das precipitações pluviométricas na bacia amazônica constituem em evaçporação reciclada (evaporação produzida pela própria floresta que precipita). A umidade originada na bacia amazônica é tranportada pelos ventos para outras partes do continente e é conciderada importante na formação de precipitação em rigiões distantes da própria amazônia.
Tanto o desmatamento como as mudanças climáticas podem prejudicar severamente o funcionamento dafloresta amazônica como ecossistema florestal, reduzindo sua capacidade de retyer carbono, enfraquecendo o ciclo hidrológico regional, aumentando a temperatura do solo e eventualmente impelindo a Amazônia a um processo gradual de savanização.

A amazônia está ligada ao sistema climático global, influenciando-o e sendo por ele influenciada. A variabilodade climática em outras partes do planeta, masi particularmente nos oceanos pacífico ou atlãntico tropicais, podem acarretar variações no clima da amazônia.

Sobre as mudanças climáticas na amazônia, a melhor estimativa do IPCC sobre a elevação da temperatura entre o final do séc XX e o final do séc XXI para o cenário de baixa emissões (SRES "B1") é de 2,2°C e a melhor estimativa para o cenário de altas emissões (SRES "A2") é de 4,5°C (a faixa varia de 3,9°C a 5,1°C).

Usando a projeção de um modelo climático do Centro Halley, um estudo estimou qual a probabilidade de um ano como 2005 se repetir na amazônioa no futuro. O estudo sugere que nas condições atuais, a seca de 2005 foi um evento que ocorre aproximadamante uma vez em 20 anos, mas até 2025 pode passar a aocrrer uma vez  em 2 anos, e até 2060, 9 vezes em 10 anos. Ou seja, pode tornar-se a norma em vez de um evento extremo.

Projeções das mudanças climáticas na Amazônia
No domínio da américa do sul, a previsão é de que no futuro, certas áreas se tornarão mais úmidas e outras mais secas.
Em relação à temperatura a análise gera uma faixa do possível aquecimento da amazônia até o final do século que corresponde a pouco mais de 2°C sobre os valores de referencia no limite inferior e de 9°C no limite superior.
A redução nas precipitações pluviométricas anuais fica aproximadamente 10% e 20% na última década do século, no cenário de baixas emissões. No cenário A1FI (altas emissões), esses números sobem para uma redução de 20% a 40% nas chuvas.
Essas mudanças projetadas podem ter profundas implicações para o futuro dos recursos hidricos, a ocorrencia e propagação de incêndios e os correspondentes impactos no Brasil.
Os modelos mostram, em maior ou menor grau, que a floresta tropical desapareceria na amazônia sob as condições do novo clima projetado para o fim do século, sendo substituida pela savana.

A redução do desmatamento traria benefício imediatos em termos de mitigação das emissões globais de gases do efeito estufa.
A taxa de 40% de desmatamento poderia ser um Tipping point (ponto sem retorno), ponto além do qual a perda florestal provoca impactos no clima que, por sua vez causam mais perda florestal. Um aquecimento global de 3ºC a 4ºC também poderia levar a um tipping point similar.

Outro fator ambiental desencadeador de mudanças na amazônia e associada ao desmatamento seria o aumento da vulnerabilidade de uma floresta fragmentada aos "efeitos de borda", tais como ventos fortes e, principalmente, os incêndios florestais.
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sexta-feira, 1 de julho de 2011

Hormônio Insulina - Vias de Sinalização

Esse texto é baseado num apanhado feito no artigo:
CARVALHEIRA, José B.C.; ZECCHIN, Henrique G.; SAAD, Mario J.A.. Vias de Sinalização da Insulina. Arq Bras Endocrinol Metab, São Paulo, v. 46, n. 4, Aug. 2002 . Available from http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302002000400013 access on 28 June 2011.


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A INSULINA É O HORMÔNIO ANABÓLICO mais conhecido e é essencial para a manutenção da homeostase de glicose e do crescimento e diferenciação celular. Esse hormônio é secretado pelas células β das ilhotas pancreáticas em resposta ao aumento dos níveis circulantes de glicose e aminoácidos após as refeições.
A insulina regula a homeostase de glicose em vários níveis, reduzindo a produção hepática de glicose (via diminuição da gliconeogênese e glicogenólise) e aumentando a captação periférica de glicose, principalmente nos tecidos muscular e adiposo. A insulina também estimula a lipogênese no fígado e nos adipócitos e reduz a lipólise, bem como aumenta a síntese e inibe a degradação protéica.
A sinalização intracelular da insulina começa com a sua ligação a um receptor específico de membrana, uma proteína heterotetramérica com atividade quinase, composta por duas subunidades α e duas subunidades β, que atua como uma enzima alostérica na qual a subunidade α inibe a atividade tirosina quinase da subunidade β. A ligação da insulina à subunidade a permite que a subunidade b adquira atividade quinase levando a alteração conformacional e autofosforilação, que aumenta ainda mais a atividade quinase do receptor.
Uma vez ativado, o receptor de insulina fosforila vários substratos protéicos em tirosina. Atualmente, dez substratos do receptor de insulina já foram identificados. Quatro desses pertencem à família dos substratos do receptor de insulina, as proteínas IRS. Outros substratos incluem Shc, Gab-1, p60dok,Cbl, JAK2 e APS (3-5). A fosforilação em tirosina das proteínas IRS cria sítios de reconhecimento para moléculas contendo domínios com homologia a Src 2 (SH2). Dentre estas se destaca a fosfatidilinositol 3–quinase (PI 3-quinase).


Inibição da Sinalização do Receptor de Insulina
O receptor de insulina, além de ser fosforilado em tirosina, também pode ser fosforilado em serina, o que atenua a transmissão do sinal através da diminuição da capacidade do receptor em se fosforilar em tirosina após estímulo com insulina. Essas fosforilações inibitórias causam feedback negativo na sinalização insulínica e podem provocar resistência à insulina. A ação da insulina também é atenuada por proteínas fosfatases de tirosina, que catalisam a rápida desfosforilação do receptor de insulina e de seus substratos.
A PI 3-quinase é importante na regulação da mitogênese, diferenciação celular e transporte de glicose estimulado pela insulina. Atualmente, a PI 3-quinase é a única molécula intracelular considerada essencial para o transporte de glicose.


A Via CAP/Cbl
Além da ativação da PI 3-quinase, outros sinais também são necessários para que a insulina estimule o transporte de glicose. Essa segunda via envolve a fosforilação do protooncogene Cbl. Na maioria dos tecidos sensíveis à insulina, Cbl está associado com a proteína adaptadora CAP.

Cascatas de Fosforilação Estimuladas pela Insulina
Semelhante a outros fatores de crescimento, a insulina estimula a mitogen-activated protein (MAP) quinase. Essa via inicia-se com a fosforilação das proteínas IRS e/ou Shc, que interagem com a proteína Grb2. A Grb2 está constitutivamente associada à SOS, proteína que troca GDP por GTP da Ras ativando-a. A ativação da Ras requer a participação da SHP2. Uma vez ativada, Ras estimula a fosforilação em serina da cascata da MAPK que leva à proliferação e diferenciação celulares.

Regulação da Síntese de Glicogênio
A insulina inibe a produção e liberação de glicose no fígado através do bloqueio da gliconeogênese e glicogenólise. A insulina estimula o acúmulo de glicogênio através do aumento do transporte de glicose no músculo e síntese de glicogênio em fígado e músculo. A insulina também altera a quantidade de ácidos graxos livres liberados da gordura visceral. O fluxo direto de ácidos graxos na veia porta para o fígado modula a sensibilidade à insulina nesse órgão regulando a produção de glicose.

Regulação da Síntese e Degradação de Lipídeos
Uma ação clássica da insulina é estimular a síntese de ácido graxo no fígado em períodos de excesso de carboidratos. Em adipócitos a insulina também reduz a lipólise através da inibição da lipase hormônio sensível. Esta enzima é ativada pela PKA (proteína quinase A). A insulina inibe a atividade da PKA.


Link para animação em flash sobre as vias de ação do Hormônio Insulina


Queira ver também o post sobre Mutação no Gene IRS1 na via de sinalização da Insulina

Gene IRS1 - Substrato Receptor de Insulina 1

Estava navegando e pesquisando, como sempre, e me deparei com a seguinte notícia no site da BBC

'Gene da magreza' é associado a problemas no coração

Como não era para menos resolvi pesquisar sobre o tal gene, descobri algumas coisas e as aglutinei aqui.
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Nomes e origem, Atributos e Característica Gerais


Nome do Gene: IRS1- Este gene codifica uma proteína que é fosforilada pela insulina tirosina quinase do receptor. Mutações nesse gene são associada com diabetes tipo II e susceptibilidade à resistência à insulina.

Nomes de proteína: Substrato 1 do receptor de insulina
                                Nome curto = IRS-1

Organismo: Homo sapiens (humanos)

Comprimento da seqüência: 1242 AA (aminoácidos).

Função: Podem mediar o controle de vários processos celulares de insulina. Quando fosforilada pelo receptor de insulina se liga especificamente a várias proteínas celulares contendo SH2 domínios como fosfatidilinositol 3-quinase p85 subunidade ou GRB2. Ativa fosfatidilinositol 3-quinase, quando ligado à subunidade p85 reguladoras.

Polimorfismo: O polimorfismo Arg-971 prejudica a capacidade da insulina em estimular o transporte de glicose, a translocação do transportador de glicose e síntese de glicogênio. O polimorfismo na Arg-971 pode contribuir para a resistência à insulina in vivo observada em portadores desta variante. Arg-971 poderia contribuir para o risco de doenças cardiovasculares ateroscleróticas associadas com organizações não-insulino-dependente diabetes mellitus, produzindo um conjunto de resistência à insulina relacionada com anormalidades metabólicas. O polimorfismo Arg-971 pode contribuir para a predisposição genética de disfunção endotelial e doença cardiovascular. 

 

Envolvimento na doença : Polimorfismos em IRS1 podem estar envolvidos na etiologia da não-insulino-dependente diabetes mellitus.

Outros aspctos interessantes: As funções fisiológicas do IRS-1/2 foram recentemente estabelecidas através da produção de camundongos sem os genes que codificam o IRS-1 e IRS-2 (camundongos knockout para IRS-1 e IRS-2). O camundongo que não expressa IRS-1 apresenta resistência à insulina e retardo de crescimento, mas não é hiperglicêmico. Foi demonstrado que o IRS-2 poderia compensar parcialmente a ausência de IRS-1, o que explicaria o fenótipo de resistência à insulina sem hiperglicemia do camundongo knockout de IRS-1. O camundongo que não expressa o IRS-2 foi recentemente gerado e apresenta um fenótipo diferente do camundongo sem IRS-1: hiperglicemia acentuada devido a diversas anormalidades na ação da insulina nos tecidos periféricos e a falência da atividade secretória das células β acompanhada de redução significativa da massa de células β pancreáticas. Em contraste, camundongos knockout para o IRS-3 e IRS-4 têm crescimento e metabolismo de glicose quase normal.



Links para pesquisa:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/06/110627_gene_magreza_coracao_mv.shtml

http://www.uniprot.org/uniprot/P35568&usg=ALkJrhjhrOSeOrhiPe0GKAt47tmST0rlyQ#section_comments

http://www.genecards.org/cgi-bin/carddisp.pl?gene=IRS1

CARVALHEIRA, José B.C.; ZECCHIN, Henrique G.; SAAD, Mario J.A.. Vias de Sinalização da Insulina. Arq Bras Endocrinol Metab, São Paulo, v. 46, n. 4, Aug. 2002 . Available from http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302002000400013 access on 28 June 2011.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Distribuição do consumo energético

      A questão energética, talvez mais do que todos os demais itens desnuda e expõe com grande clareza a consagrada expressão mudança de paradigmas.
O que se busca expressar quando se utiliza estes termos são mudanças profundas, não materiais, mas filosóficas na forma de pensar a vida, nos fatores e condicionantes da felicidade humana.
Ninguém condena a melhoria da qualidade de vida das populações. Ao contrário, todos nós desejamos que o desenvolvimento traga melhoria de condições de conforto e qualidade de vida para todos.
Mas existem limitações ambientais que devem ser consideradas, e a questão energética nos demonstra esta realidade com clareza.
A população do planeta terra superou os 6,6 bilhões de habitantes. A população dos Estados Unidos da América oscila em torno de 300 milhões de habitantes.
Dividindo 6,6 bilhões por 300 milhões encontramos o número 22. Ou seja, a população do planeta terra é aproximadamente 24 vezes maior do que a população americana.
Logo não é possível que aproximadamente 4,5% da população mundial, situada nos Estados Unidos, seja responsável por mais de 70% dos gastos energéticos do planeta.
Ou que o consumo de energia dos Estados Unidos, com aparelhos de ar condicionado seja maior do que o consumo de energia para todas as finalidades de aproximadamente 1,3 bilhões de habitantes da China.
Este paradoxo poderia ser facilmente equacionado. Poderia se dizer que o crescimento econômico e o desenvolvimento futuro equalizariam o consumo energético.
Pois bem, esta é a questão. O planeta não suportaria, nem teria recursos para ampliar em 22 vezes a produção de energia, por mais alternativas e renováveis que fosse as fontes energéticas por melhor que fossem os programas de otimização, racionalização e eficiência no uso de energia por instituições, empresas e consumidores individuais.
Obviamente a questão da eficiência energética tem importância singular. É preciso tornar a utilização da energia racional e eficiente ao máximo possível, por parte de todos. E para isto existem tecnologias e empresas capacitadas e dedicadas ao desenvolvimento de metodologias apropriadas para a melhoria da eficiência energética.
A eficiência energética pode ser resumida pelo parâmetro conhecido como Razão de Energia Líquida (REL) que relaciona a energia obtida por um processo em função do gasto energético considerado do mesmo processo.
Mas a questão fundamental é a mudança de padrões. A mudança de paradigma, de uma ou outra forma, talvez precise passar pela mudança do conceito de bem estar e felicidade.
Partindo de uma sociedade extremamente consumista, da qual ninguém questiona a qualidade de vida e o conforto material, para padrões mais compatíveis com as quantidades de recursos disponíveis e com critérios mais justos de distribuição das riquezas.
Definitivamente, o planeta Terra não suportaria o aumento de 22 vezes na produção de energia.
O mesmo raciocínio talvez possa ser estendido para o consumo de várias matérias-primas naturais que servem se base para transformações industriais importantes.


Dr. Roberto Naime, colunista do Ecodebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.



EcoDebate, 27/06/2011

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Distribuição do consumo energético | Artigo de Roberto Naime

quinta-feira, 23 de junho de 2011

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Sisal - Fibra produzida de forma ambientalmente correta

Produção da fibra é ambientalmente correta. Além de baratear o custo final possibilita a prevenção de acidentes
O sisal melhora as características mecânicas do bloco de concreto

O sisal é uma alternativa barata para ampliar a resistência de blocos de concreto. A comprovação foi feita em pesquisa realizada na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP. A engenheira civil Indara Soto Izquierdo escolheu o material pelo baixo custo de produção atrelado à possibilidade de alto valor agregado, com o aumento de resistência dos blocos. “A escolha também possibilita uma nova perspectiva de comércio para as fibras de sisal produzidas em comunidades carentes, ampliando seu uso em um amplo mercado como o da construção civil”, afirma a pesquisadora. A fibra natural de sisal, além de proporcionar o aumento de renda de quem a produz, é biodegradável e natural, produzindo pouco impacto ambiental.
Os estudos sobre a viabilidade de uso da fibra de sisal em blocos de concreto constam na pesquisa Uso de fibra natural de sisal em blocos de concreto para alvenaria estrutural. A  dissertação foi orientada pelo professor Marcio Antonio Ramalho, do Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC.
As folhas do sisal, que podem chegar a dois metros de comprimento, apresentam altos teores de celulose e lignina, substâncias que determinam alta resistência e elasticidade. Assim, as fibras de sisal quando inseridas no bloco de concreto permitem a melhoria das características mecânicas: como a tração, força que alonga o objeto até a rompimento do material; a ductibilidade, que é o grau de deformação que um material pode suportar; e a tenacidade, que é o impacto necessário para levar um material à ruptura.
Indara explica que “a ruptura de blocos de alvenaria normalmente ocorre devido à tração do bloco, força que estica o material no sentido oposto ao natural, provocando fissuras ou rachaduras. Com as fibras de sisal, há maior resistência à tração, porque a fratura é retardada e as fissuras ou rachaduras têm seu crescimento limitado pela presença das fibras”.
Para o desenvolvimento deste estudo, a pesquisadora utilizou fibras de sisal vindas da Bahia e blocos de concreto produzidos em Limeira, São Paulo. Além disso foi feita a caracterização da fibra e dos blocos reforçados com sisal, a fim de garantir o correto desempenho dos materiais nos ensaios.

Ductibilidade
 
O sisal possibilita à parede maior ductibilidade, isto é, ganho na capacidade de deformação sob a ação de cargas, que permite a antecipação de reformas e a percepção da possibilidade de um desabamento.
” O concreto, em geral, é frágil. Em construção com alvenaria tradicional, a ruptura é brusca e praticamente instantânea, similar a uma explosão. Já no caso do bloco com sisal, a estrutura antes de desabar sofre grandes deformações, porque o sisal mantém as partes unidas. Com isso aumenta o tempo para que pessoas que estejam em um edifício prestes a cair saiam dele em segurança”, descreve Indara.

Valor agregado

Outro fator que faz o sisal ser um material bem visto para a inserção na construção civil é o baixo valor agregado ao custo na produção de blocos.
O Nordeste brasileiro é a região que mais produz sisal, com destaque para o Estado da Bahia, principalmente em pequenas comunidades que o utilizam como base da economia local.
A maior parte da produção brasileira de sisal enconyra-se no Nordeste
A venda da fibra de sisal varia por tipos e peso. A fibra do tipo1, que é a mais resistente, é vendida a um preço médio de R$ 2,50 por quilo (kg). A quantidade misturada na produção de blocos é bem inferior a um kg. Foram utilizados 4kg de fibras, o equivalente a R$ 10,00,  para fazer 120 blocos.
Indara considera, no entanto, que o maior valor social agregado “é a possibilidade do aumento nas vendas de sisal produzidos em comunidades que subsexistem deste comércio”

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Reportagem de Sandra O. Monteiro, da Agência USP de Notícias, publicada pelo EcoDebate, 18/05/2011
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terça-feira, 17 de maio de 2011

Filo CNIDARIA (hidróides, medusas, anêmonas, corais)

Este filo está representado pelas hidras, medusas, anêmonas-do-mar, que são indivíduos isolados, e pelas caravelas, e pelos corais que são coloniais. São animais diblásticos, a camada derivada da ectoderme forma a epiderme; a camada derivada do endoderma forma a gastroderme do animal.

Forma de 'Pólipo' (acima),
 forma 'Medusa' (abaixo)


Características
1.Corpo radialmente simétrico.

2.Corpo essencialmente com duas camadas de células, uma a cada lado de uma mesogléia gelatinosa que pode, ou não, conter células.
3.Corpo na forma de um tubo alongado ou achatado, aberto em uma das extremidades e fechado na outra, encerrando uma cavidade central (cavidade gastrovascular); a extremidade aberta do tubo é prolongada por séries de tentáculos circundando a boca/ânus única; com tecidos, porém sem órgãos definidos.

4.Com células individuais, parcialmente musculares, e uma rede de células nervosas sem bainha na base de cada camada de célula.

5.Corpo com duas formas – a de pólipo, presa ao substrato e com a boca e os tentáculos mantidos em posição mais superior; e a de medusa, em forma de disco ou sino, achatado e natante, com a boca posicionada no meio da superfície inferior. Em muitos cnidários as duas formas se alternam durante o ciclo de vida, multiplicando-se assexuadamente o pólipo e a medusa sexuadamente, em outras uma das duas formas é reduzida ou suprimida.

6.Com células especiais chamadas cnidócitos, que possuem em sue interior organélas chamadas nematocistos. Cada nematocisto possui um tubo enrolado, muitas vezes com espinho capaz de uma eversão para ataque ou defesa.

7.Hermafroditas, geralmente com fecundação externa e desenvolvimento via larva plânula.

8.As medusas nadam por pulsação (propulsão-a-jato); os pólipos geralmente são sésseis.

9.Aquáticos, principalmente marinhos, pelágicos e bentônicos.

Classificação
Existem cinco classes, 28 ordens e cerca de 10.000 espécies de cnidários.
 
 
 












REFERENCIA BIBLIOGRAFICA


BARNES, R. S. K [et al.]. OS INVERTEBRADOS – UMA SÍNTESE. 2ªEd. São Paulo: Atheneu Editora









Filo PORIFERA (esponjas)

Etimologia

Tipos de formas de poriferas

Latim: porus, poro; ferre, possuir.

Características
1.Corpo sem nenhuma simetria.

2.Corpo essencialmente com duas camadas de células uma de cada lado de um meso-hilo gelatinoso e protéico; sem órgãos ou tecidos distintos.

3.Sem trato digestivo, a captura e digestão das partículas alimentares ocorre nos coanócitos.
4.Corpo na forma de uma massa sólida, possui um espaço central chamado átrio ou espongiocele, no interior do qual a água entra através de finos poros (óstios), e é espelida através da abertura superior, chamada de ósculo.


5.Coanócitos com flagelos, cujo batimento conduz a agua através do sistema, e com um colarinho de microvilosidades, que coleta as partículas alimentares.

6.Sem células musculares ou nervosas.


7.A maioria é hermafrodita; multiplicação assexuada é frequente.

8.Com poucos tipos de células.

9.Animais sésseis, imóveis.


Forma Léucon

10.Filtradores bentônicos em habitats aquáticos, principalmente o mar.

A forma do corpo varia desde espécies pequenas, individuais, em forma e um tubo, até grandes massas irregulares com muitos canais e câmaras internos e ósculos. Em todas as formas, a agua entra na esponja através de pequenos poros na parede.

Classificação
As 10.000 espécies distribuem-se em 3 classes e em 22 ordens.
 




Poriferas coloniais
























REFERENCIA BIBLIOGRAFICA


BARNES, R. S. K [et al.]. OS INVERTEBRADOS – UMA SÍNTESE. 2ªEd. São Paulo: Atheneu Editora








sexta-feira, 6 de maio de 2011

Animais Bioindicadores, artigo de Roberto Naime | Portal EcoDebate

[EcoDebate] Muitos animais e plantas tem sido usados como bioindicadores. Ou seja, como entes vivos que indicam condições do meio físico, do próprio meio biológico ou das condições de vida para o meio antrópico. Para entender de uma forma bem simples o que são bioindicadores basta exemplificar. Todo mundo sabe que um peixe respira oxigênio através das brânquias. Se a água for limpa e tiver oxigênio o peixe respira e vive normalmente. Se a água não for limpa e não tiver oxigênio, o peixe morre. Portanto ele indica através da própria vida as condições da água onde vive.

Isto é um bioindicador, que pode ser animal ou vegetal, qualquer ser vivo que possa indicar as melhores ou piores condições do meio em que vive. Além dos peixes ou ictiofauna, os insetos também tem sido considerados bons indicadores ecológicos da recuperação ambiental, principalmente as formigas, os cupins, as vespas, as abelhas e os besouros.

Em nível de solo, nas áreas em processos de recuperação de degradação, há uma sucessão de organismos da meso e macrofauna que estão presentes em cada etapa da recuperação destas áreas, sugerindo que possam ser encontrados bioindicadores para cada uma destas etapas.

Outros animais considerados bons bioindicadores por sua relação com o habitat florestal são as aves, pois a redução do número de espécies está associada com a redução da área em que habita. As espécies consideradas indicadores de ambiente preservado são aquelas que ocorrem exclusivamente no habitat original, apenas eventualmente em áreas adjacentes.

Os pássaros são grandes bioindicadores das condições florestais. As espécies que comem frutos das árvores com grandes copas são denominadas frugívoras e dependem de árvores com grandes copas e troncos ocos onde possam nidificar (fazer ninhos para reprodução). Existem ainda as espécies insetívoras corticícolas que dependem do uso de forrageiras e se reproduzem em troncos grossos; as espécies insetívoras grandes, que indicam drásticas alterações na fauna dos solos e nas condições originais dos bosques e as espécies insetívoras de brenhas, que são especializadas em forragear em vegetação extremamente adensada.

Estudos específicos ou até generalistas com relação à fauna em geral e à avifauna em particular são bastante apreciáveis como evidências de indicadores para uma avaliação integrada de impactos ambientais.

Estes estudos feitos especificamente em cada área, poderão fornecer subsídios para um monitoramento (que nada mais é senão um controle sistêmico e permanente de alguma coisa), no caso durante e depois da obra impactante. Isto permitirá definições muito mais precisas, eficientes e eficazes sobre medidas necessárias para mitigação, atenuação ou compensação dos impactos ambientais de uma intervenção antrópica.

As vezes a gente passa por uma indústria com tratamento de efluentes e observa capivaras em um lago que geralmente também tem peixes e tartarugas.

Normalmente, esta empresa tem uma estação de tratamento de efluentes industriais e/ou esgotos, e antes das águas retornarem aos cursos de água superficiais da rede de drenagem, passam por uma lagoa, onde os animais são usados como bioindicadores da qualidade ambiental do tratamento.

Se o tratamento não estiver bom ou eficiente podem os animais usados como bioindicadores sofrerem problemas ou até morrerem. Dá muita pena na gente, mas o conceito de meio ambiente é antropocêntrico. Que ocorra nos animais para garantir a qualidade de vida dos seres humanos.

Dr. Roberto Naime, colunista do Ecodebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

EcoDebate, 06/05/2011

terça-feira, 29 de março de 2011

Parasitismos - Os protozoários e a Saúde Humana

Como definimos um pouco as relações ecológicas, e em especial o parasitismos, vamos continuar o assunto só que agora com uma abordagem voltada para a saúde humana. É isso mesmo! Nossa saúde!
O assunto é protozoários e como eles estabelecem uma relação + - com nosso organismo, lembrando aí que o sinal - (menos) é a respeito de nosso organismo que é afetado/ parasitado.

Antes de mais nada... "protozoário... muito prazer!"
Vamos conhecer quem são primeiro antes de sair falando mau deles, certo!?
Bom.. são seres cujo tamanho pode variar de 2 a 1000 μm (micromêtros), são organismos exclusivamente unicelulares, ou seja, formados por uma única estrutura celular, sendo a maioria heterotrófica (ou seja, não produzem o próprio alimento). Portanto, não consegue converter (sintetizar) matéria orgânica a partir da inorgânica, necessitando absorver os nutrientes do meio externo. Algumas espécies são simbiontes (a relação ecológica neste caso é mutualistica), como é o caso do gênero Trichonympha que sobrevive no trato digestório (intestino) de cupins, auxiliando na digestão da celulose. Alguns outros protozoários são de vida livre e ainda outros são parasitas (é esses que nos interessam no momento). São classificados no Reino Protista e divididos em 4 filos, tendo como ênfase a mobilidade dos organismos conforme a atuação do mecanismo locomotor e seus anexos. A saber:
Filo Sarcodina → locomoção caracterizada pela emissão de pseudópodes;
Filo Mastigophora → deslocamento por propulsão flagelar;
Filo Ciliophora → movimentação mantida por curtas e numerosas estruturas ciliares;
Filo Sporozoa → não possui apêndices locomotores, sua dispersão é realizada através de esporos;

Chega de apresentações.. é hora do que interessa...

As Doenças

Amebíase

Entamoeba histolytica
Existem várias espécies de amebas que podem ser encontradas no Homem e entre elas a Entamoeba histolytica e a Entamoeba coli. A única espécie patogênica, em determinadas condições, é a E. histolytica embora em um grande número de casos viva como comensal no intestino grosso. A E. histolytica tem ampla distribuição geográfica, sendo encontrada praticamente em todos os países do mundo.

Sintomas:
Os sintomas mais comuns da amebíase são: disenteria aguda com muco e sangue nas fezes; náuseas; vômitos e cólicas intestinais. Em certos indivíduos no entanto, pode ser assintomática (não apresenta esses sintomas, mas isso não significa que o parasita não está se proliferando no indivíduo). Existem casos em que a ameba pode passar a parasitar outras regiões do organismo causando lesões no fígado, pulmões e até mesmo no cérebro (embora seja mais raro).

Contaminação:
É direta, não envolvendo um vetor. Ocorre pela ingestão de cistos (forma de resistência dos protozoários, adquirida como maneira de proteger-se de condições desfavoráveis do ambiente) juntamente com água e alimentos contaminados. Passam pelo estômago, resistindo à ação do suco gástrico, chegam ao intestino delgado, onde ocorre o desencistamento, de onde migram para o intestino grosso onde se colonizam. Em geral ficam aderidos à mucosa do intestino, alimentando-se de detritos e bactérias. Em determinadas condições, invadem a mucosa intestinal, dividindo-se ativamente no interior das úlceras e podem, atingir outros órgãos. A liberação de sangue juntamente com as fezes é conseqüente da ruptura de vasos sangüíneos da mucosa intestinal.

Profilaxia (prevenção):
Só ingerir alimentos bem lavados e/ou cozidos; Lavar as mãos antes das refeições e após o uso do banheiro; Construção de fossas e redes de esgoto; Só ingerir alimentos bem lavados e/ou bem cozidos; Tratar os doentes.
 
Giardíase


Giardia lamblia
A giardíase é uma parasitose intestinal mais freqüente em crianças do que em adultos e que tem como agente etiológico a Giardia lamblia. Este protozoário flagelado tem incidência mais alta em climas temperados.

Sintomas:
A giardíase se manifesta por azia e náusea que diminuem de intensidade quando ocorre ingestão de alimentos, ocorrem cólicas seguidas de diarréia, perda de apetite, irritabilidade. Raramente observa-se muco ou sangue nas fezes do indivíduo com giardíase que no entanto possuem odor fétido, são do tipo explosiva e acompanhadas de gases. Em alguns casos o estado agudo da doença pode durar meses levando à má absorção de várias substâncias inclusive vitaminas como as lipossolúveis, por exemplo

Contaminação:
Ocorre quando os cistos maduros são ingeridos pelo indivíduo. Os cistos podem ser encontrados na água (mesmo que clorada ), alimentos contaminados e em alguns casos a transmissão pode se dar por meio de mãos contaminadas.

Profilaxia:
Basicamente, para se evitar a giardíase deve-se tomar as mesmas medidas profiláticas usadas contra a amebíase, já que as formas de contaminação são praticamente as mesmas. Portanto deve-se: só ingerir alimentos bem lavados e/ou cozidos; lavar as mãos antes das refeições e após o uso de sanitários; construção de fossas e redes de esgotos; s ó beber água filtrada e/ou fervida; tratar as pessoas doentes.
 
Malária



Vetor da Malária; fêmea de Anopheles

A malária é causada por protozoários do gênero Plasmodium, como o Plasmodium vivax, Plasmodium falciparum, Plasmodium malariae e Plasmodium ovale: os dois primeiros ocorrem em nosso país e são mais freqüentes na região amazônica. O vetor dessa doença são fêmeas de alguns mosquitos do gênero Anopheles. Estas, mais ativas ao entardecer, podem transmitir a doença para indivíduos da nossa espécie, uma vez que liberam os parasitas no momento da picada, em sua saliva.

Ciclo de vida de plasmódio:
Os esporozoítos infectantes do protozoário se direcionam até o fígado, dando início a um ciclo que dura, aproximadamente, seis dias para P. falciparum, oito dias para a P. vivax e 12 a 15 dias para a P. malariae, reproduzindo-se assexuadamente até rebentarem as células deste local. Após esses eventos, espalham-se pela corrente sanguínea e invadem hemácias, até essas terem o mesmo fim, causando anemia no indivíduo.

Note no esquema abaixo que no caso de mulheres grávidas infectadas pode haver transmissão para o feto.

Sintomas:
Febre alta, sudorese e calafrios, palidez, cansaço, falta de apetite e dores na cabeça e em outras regiões do corpo são os principais sintomas, que podem se manifestar a cada 48 horas, caso a infecção tenha sido causada pelo P. falciparum ou pelo P. vivax; e a cada 72 horas quando o agente causador é o P. malarie. Essa primeira espécie pode, ainda, afetar vários órgãos e sistemas do corpo, como o sistema nervoso e aparelho respiratório.

Tratamento:
O tratamento é feito com o uso de fármacos orais e deve ser iniciado o mais rapidamente possível, para evitar complicações como anemia, icterícia e mau funcionamento dos órgãos vitais, além dos riscos que um indivíduo acometido pelo P. falciparum pode estar sujeito.

Profilaxia:
A prevenção consiste em evitar picadas do mosquito, fazendo o uso de repelentes, calças e camisas de manga longa, principalmente no período de fim da tarde e início da noite. Evitar o acúmulo de água parada a fim de impedir a ovoposição e nascimento de novos mosquitos é outra forma de evitar a malária.

Doença de Chagas

"Barbeiro", vetor da doença
Esta, causada pelo protozoário Tripanosoma cruzi, é transmitido, principalmente, por um inseto da subfamília Triatominae, conhecido popularmente como barbeiro.  Este animal de hábito noturno se alimenta, exclusivamente do sangue de vertebrados endotérmicos. Vive em frestas de casas de pau-a-pique, camas, colchões, depósitos, ninhos de aves, troncos de árvores, dentre outros locais, sendo que tem preferência por locais próximos à sua fonte de alimento. Ao sugar o sangue de um endotérmico com a doença, este inseto passa a carregar consigo o protozoário. Ao se alimentar novamente, desta vez de uma pessoa saudável, geralmente na região do rosto, ele pode transmitir a ela o parasita. Este processo se dá em razão do hábito que este tem de defecar após sua refeição. Como, geralmente, as pessoas costumam coçar a região onde foram picadas, tal ato permite com que os parasitas, presentes nas fezes, penetrem pela pele. Estes passam a viver, inicialmente, no sangue e, depois, nas fibras musculares, principalmente nas da região do coração, intestino e esôfago. 

Sintomas:
Febre, mal estar, falta de apetite, dor ganglionar, inchaço ocular e aumento do fígado e baço são alguns sintomas que podem aparecer inicialmente (fase aguda), embora existam casos em que a doença se apresenta de forma assintomática. Em quadro crônico, o mal de Chagas pode destruir a musculatura dos órgãos atingidos, provocando o aumento destes, de forma irreversível.

Tratamento e profilaxia:
O tratamento, visando à eliminação dos parasitas, é satisfatório apenas no estágio inicial da doença, quando o tripanossoma ainda está no sangue. Na fase crônica, a terapêutica se direciona para o controle de sintomas, evitando maiores complicações. O controle populacional do barbeiro é a melhor forma de prevenir a doença de Chagas.


 
Esquema demostrando ciclo de vida do Trypanossoma cruzi
 
Saiba!
Existem muitas outras doenças causadas por protozoários, estas acima são apenas algumas. Se desejar saber sobre uma em especial mande uma mensagem atrvés de seu comentário no fim do post!

Lembre-se!
Nunca, mais nunca mesmo! deixe de consultar um médico. Internet não estudou medicina, mas seu médico sim!

Referências de pesquisa:

http://www.universitario.com.br/celo/topicos/subtopicos/parasitologia/doencas/doencas.html
http://www.brasilescola.com/doencas/malaria.htm

http://www.brasilescola.com/doencas/leishmaniose-tegumentar.htm

http://www.brasilescola.com/doencas/doenca-chagas.htm
 
http://www.brasilescola.com/biologia/protozoarios.htm 

sexta-feira, 18 de março de 2011

Parasitismo - A interação entre populações em uma comunidade

   Populações de animais fazem parte de um sistema maior conhecido como comunidade. Dentro de uma comunidade as populações de diferentes espécies interagem. As espécies de uma comunidade interagem em vários níveis e isso as afeta de várias maneiras, as relações de interação podem ser prejudiciais (-), benéficas (+), ou neutras (0).
Fig1: Exemplo de ectoparasitas
   De fato, uma das relações ecológicas que me chama atenção é o parasitismo. Esse tipo de interação é do tipo (+ -) em que o parasita é beneficiado, utilizando o hospedeiro como fonte de abrigo de nutrição, e o hospedeiro é prejudicado. A beleza do parasitismo está na "dança" de erros e acertos, que eventualmente levam o parasita ao sucesso, as modificações morfológias e biológicas sofridas pelos parasitas ao longo o tempo são adaptações que permitem uma afinação perfeita no seu modo de interação e sua total eficácia.
   O parasita vive literalmente as custas de seu hospedeiro, prejudicando a sua vida. No parasitismo, ao contrário do predatismo não há a morte imediata da espécie atacada (hospedeira), o que só acontece com o passar do tempo. Existem vários graus deste fenômeno. Dentre muitos podemos destacar a ação dos parasitoides. Eles são mais efetivos no seu ataque, levando o hospedeiro mais rapidamente a morte. Os parasitas e parasitoides ainda podem ser classificados quanto ao modo de infestação. Logo, os que agem externamente são denominados de ectoparasitas - Fig1 -  (ex: piolhos e carrapatos) e ectoparasitoides. Já, os que agem dentro do corpo, são chamados endoparasitas (ex: tênia - Fig2) e endoparasitoides.
Fig2: Tênia, exemplo de endoparasista

   As adaptações feitas às custas do hospedeiro, tornaram o invasor (parasito) mais e mais dependente do outro ser vivo. Essas adaptações foram de tal forma acentuadas que podemos afirmar que "a adaptação é a marca do parasitismo". As adaptações são principalmente morfológicas, fisiológicas e biológicas.
As principais modificações ou adaptações são as seguintes:

Morfológicas:
a) degenerações: representadas por perdas ou atrofia de orgãos locomotores, aparelho digestivo etc. Assim, por exemplo, vemos as pulgas, os percevejos, algumas moscas parasitas de carneiro (Mellophogus ovinus) que perderam as asas; os Cestoda que não apresentam tudo digestivo etc.

b) hipertrofia: encontradas principalmente nos órgãos de fixação, resistência ou proteção e reprodução. Assim, alguns helmintos possuem órgãos de fixação muito fortes, como lábios, ventosas, acúleos, bolsa copuladora. Alta capacidade de reprodução, com aumento acentuado de ovários, de cavidade para armazenar ovos, de testículos. Aumento de estruturas alimentares de alguns insetos hematófagos para mais facilmente perfurarem a pele e armazenarem o sangue ingerido.

Biológicas:
a) capacidade reprodutiva: para suplantar as dificuldades de atingir novo hospedeiro e escaparem da predação externa, os parasitos são capazes de produzirem grandes quantidades de ovos, cistos ou outras formas infectantes; assim fazendo, algumas formas conseguirão vencer as barreiras e poderão perpetuar a espécie.

b) tipos diversos de reprodução: o hermafroditismo, a partenogênese, a poliembrionia (reprodução de formas jovens), a esquizogonia etc. representam mecanismos de reprodução que permitem ou uma mais fácil fecundação (encontro de machos e fêmeas) ou mais segura reprodução da espécie.

c) capacidade de resistência à agressão do hospedeiro: presença de antiquinase, que é uma enzima que neutraliza a ação dos sucos digestivos sobre numerosos helmintos; capacidade de resistir à ação de anticorpos ou de macrófagos, capacidade de induzir uma imunossupressão etc.

d) tropismos: os diversos tipos de tropismos são capazes de facilitar a propagação, reprodução ou sobrevivência de determinada espécie de parasito. Os tropismos mais importante são: geotropismo (abrigar-se na terra - diz-se neste caso que é positivo, e abrigar-se acima da superficie da terra - diz-se neste caso que é geotropismo negativo), termotropismo, quimiotropismo, heliotropismo etc.

Assista no vídeo a baixo um caso interessante, e recém descoberto, de parasitismo entre vespa (+) e aranha (-). Para mais informação sobre o vídeo acesse o link do site Revista Pesquisa Fapesp e leia a mátéria na integra. [Ecologia] "Marionetes de oito patas" - Revista Pesquisa FAPESP



 


Referências Bibliográficas
  1. NEVES, David P. Parasitologia Humana. Editora: Atheneu, 11ª ed. cap2;
  2. HICKMAN; ROBERTS; LARSON. Integrated principles of Zoology. 11ª ed. cap40;